Escrevo este pequeno texto com a finalidade de apresentar a importância de descobrir o perfil comportamental de uma equipe para que o planejamento empresarial seja eficiente. As premissas de que parto são duas: a primeira, é a de que as pessoas possuem perfis que justificam determinados comportamentos; a depender do perfil, elas agem (naturalmente) de uma forma ou de outra. A segunda premissa é que somente conhecendo esse perfil comportamental se pode planejar com eficiência, diminuído sensivelmente as chances de erros.
Essas premissas não precisam ser aplicadas apenas no mundo corporativo, porque podem ser utilizadas em todas as relações interpessoais. Se envolver pessoas, conhecer o perfil potencializa a chance de a comunicação ser mais assertiva. Existe uma explicação filosófica para essa questão complexa, que discutirei em outra oportunidade. Para retóricos, a linguagem humana é persuasiva, e quem fala deseja convencer o ouvinte que determinadas ações são mais importantes que outras. Conhecer aquele que é o alvo da comunicação (pathos), conhecer seu “perfil de comportamento”, potencializa as chances do falante con-vencer. A vitória na arena da comunicação está em convencer o outro de suas ideias. Para isso, há um arsenal de argumentos que podem ser utilizados³. O problema é saber quais argumentos são mais eficientes para determinado perfil.
Segundo Marston, as pessoas podem ser classificadas de acordo com seus comportamentos em quatro tipos: dominantes (D), influentes (I), estáveis (S) ou conformes (C)4. O perfil dominante e o influente valorizam as relações interpessoais mais que os processos impessoais, campo daqueles que possuem perfis estáveis ou conformes. Pessoas dominantes e influentes tendem a ser mais impulsivas, e são muito boas para a realização de tarefas imediatas; as dominantes se preocupam com o resultado, ao passo que as influentes valorizam o entusiasmo e a colaboração. Pessoas com perfil conforme ou estável são mais cautelosas nas suas relações, refletem prós-e-contra a todo momento, e se diferenciam porque enquanto as conformes prestigiam a precisão e a fundamentação das informações que vêm das outras pessoas, as estáveis são capazes de relativizar a precisão diante da confiança que depositam nos outros.
Há um grande equívoco em locar pessoas dotadas de um perfil planejador em áreas que exigem ações mais imediatas e improvisações. Do mesmo jeito, é errado colocar pessoas que preferem a improvisação em área que exige mais cautela e análise. Todos nós temos um pouco de cada um desses perfis, posto que ninguém é um só perfil desses. Contudo, sempre há um ou dois perfis que predominam, e entender qual ou quais predominam, e como eles interagem, ajuda a decifrar os comportamentos humanos. As relações interpessoais passam a ser efetivas. Isso porque entender o perfil do outro, ajuda a entender qual caminho lógico e racional eles normalmente justificam suas atitudes.
Planejar é uma tarefa difícil, mas necessária em qualquer área, e também no mundo business. Uma equipe é como um jogo de xadrez, cada peça reúne determinadas características com pontos fortes e fracos; as peças têm limitações quanto ao movimento no tabuleiro: um erro pode ser fatal. Evidente que nós seres humanos temos uma capacidade imensa de nos adaptar, e exploramos características que não são as nossas características melhores por vários motivos. Contudo, a adaptação nunca explorará aquilo em que somos melhores.
Decifrar o perfil comportamental de cada componente da equipe é uma tarefa do líder sábio, pois somente assim poderá explorar em cada membro aquilo que ele(a) possui naturalmente de melhor. Todos nós somos capazes de aprender a trabalhar com planilhas, números e mais números, produzir relatórios, conferir mercadorias e estoques, trancados sozinhos em uma sala diante de um notebook. Todavia, essa tarefa é realizada com muito mais afinco por pessoas com determinados perfis do que por outras que não possuem aquelas características. Da mesma forma, vender um produto ou um serviço diante de clientes requer uma técnica que todos podemos aprender, mas seguramente aquelas pessoas com mais desenvoltura saberão agradar mais que outras que estão presas a um perfil processual e menos interpessoal. A assertividade no resultado certamente será mais simples de ser alcançado quando pessoas certas estão escaladas para funções que requerem características que naturalmente elas possuem, sem necessitar de qualquer adaptação.
Portanto, o planejamento estratégico empresarial não pode ignorar os perfis comportamentais de suas peças. Traçar o “DNA Corporativo” é o início de qualquer planejamento assertivo com potencial de crescimento. Com um DNA Corporativo bem traçado, o número de problemas diminui, e determinados insumos desaparecem, como queixas de clientes, reclamações trabalhistas e até ações judiciais.
A Carvalho & Andrade Sociedade de Advogados é um escritório de advocacia que acredita no planejamento. E, só existe planejamento quando nos permitimos um conhecimento prévio, a partir do qual as estratégias podem ser traçadas.
POSTADO POR: PROF. DR. JOÃO CLÁUDIO CARNEIRO DE CARVALHO